Processing math: 100%


Estradas Adequadas para uma Condução Suave

Para que uma estrada permita uma condução suave, deverá preencher, pelo menos, dois requisitos essenciais: que não tenha descontinuidades na sua curvatura e na sua tangência.

A falta de continuidade da sua tangência - que envolve a primeira derivada da função que representa a trajectória de um veículo - encontra-se facilmente em muitas estradas, como se observa, por exemplo, na fotografia abaixo.

estrada

Espinho (40º59'39.25''N, 8º38'43.49''W). Imagem retirada de Google Earth.

Esta "curva de 90º" pode aceitar-se numa estrada cujo trânsito circule a baixas velocidades mas nunca, por exemplo, numa auto-estrada. Como é fácil de observar, uma curva deste tipo possui uma variação brusca da tangente no ponto onde os dois segmentos de recta se unem, o que torna impossível transpôr esta curva, em segurança, a grande velocidade.

Veja-se agora a problemática da continuidade da curvatura. Numa estrada formada apenas por segmentos de recta e arcos de circunferência, o valor da curvatura varia bruscamente desde zero (parte recta) até um valor finito e constante (parte circular). Esta descontinuidade da curvatura no ponto de união da parte recta com a parte circular é um problema grave pois, para além de ser bastante incómoda para os condutores e eventuais passageiros, pode ser a causa de acidentes, devido à variação brusca da aceleração centrífuga que se verifica no veículo quando este inicia a sua trajectória circular. Note-se que o valor da aceleração está relacionado com a segunda derivada (tal como acontece com o valor da curvatura).

imagem 1

Para evitar este problema, usam-se curvas de transição entre as trajectórias rectas e as trajectórias circulares. Estas curvas terão de ter uma curvatura que varie, gradualmente, desde zero até ao valor da curvatura da circunferência à qual se pretende unir o segmento rectílineo inicial. A curva de transição mais frequente é a clotóide (também designada por espiral de Cornu).

imagem 2

Como se pode observar pelo gráfico, a curvatura da clotóide varia linearmente desde zero até uma qualquer constante e portanto é a curva ideal para ligar um segmento de recta a uma circunferência. Utilizando esta curva, existem várias configurações possíveis que respeitam a continuidade de curvatura, sendo que as mais frequentes são:

1) "recta \longrightarrow clotóide \longrightarrow circunferência"

imagem 3

2) "recta \longrightarrow clotóide \longrightarrow circunferência \longrightarrow clotóide \longrightarrow recta"

imagem 4

3) "recta \longrightarrow clotóide \longrightarrow clotóide \longrightarrow recta"

imagem 5

Observe as imagens a seguir e verifique se a continuidade de curvatura é preservada em todos os troços de estrada aí representados.

cruzamento

Lisboa (38º45'27.09''N,9º10'19.71''W). Imagem retirada de Google Earth.

cruzamento 2

Almada (38º39'56.92''N,9º10'18.16''W). Imagem retirada de Google Earth.

cruzamento 3

Vila Nova de Gaia (41º06'07.99''N,8º34'05.39''W). Imagem retirada de Google Earth.